Gangster Love - Capítulo 35 - Because i love him

“Eu tenho muito medo de me tornar uma pessoa ruim, só isso.”

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Merda.

Caralho.

Nós tínhamos cochilado e só acordamos por que alguém estava batendo sem parar na porra da porta.

Justin saiu de cima de mim num salto, ele estava tão assustado quanto eu e já começou a vestir sua cueca e sua calça.

- Uau, não faz ideia de como isso me lembra...

- A nossa primeira vez! – ri colocando o meu sutiã – No escritório do seu pai.

- Nós somos doidos. – concluiu abotoando o zíper da sua calça, quase me perdi novamente naquele abdômen definido, como se ele tivesse sido esculpido ou algo assim.

- Quem será que tá batendo ali? – logo percebi que conversávamos tão baixo que estava quase saindo em forma de um sussurro.

Ele não disse nada, apenas vestiu sua camisa desviando os olhos pra porta.

Rapidamente coloquei minha blusa e minha calcinha, fiz a mesma coisa com a calça vendo Justin se aproximar da porta.

- Se esconde de baixo da mesa. – ele disse, agora com a mão na maçaneta.

- Tá. – bufei fazendo o que ele pediu, o espaço era minúsculo.

- Sra. Hudson? – travei minha garganta ao ouvir Justin pronunciar aquelas palavras, a porra da diretora que tava ali, uau.

- Sim, eu estava procurando pelo senhor, não deveria estar na quadra com os alunos do Junior High?

- É, mas é que eu bem... eu tive que reler o caderno de um dos alunos do Senior pra ver o que o Sr. Robbinson estava estudando com eles, você sabe, antes de sua morte.

- Entendi. – ela pareceu pensar no assunto – Será que poderia me acompanhar até a diretoria? Queria conversar com você sobre um assunto, sabe, perdir a sua opinião...

- Claro! – ele parecia sorrir mais aliviado, não dava pra ver direito por que ele estava meio de costas – Só vou pegar minha pasta, espera ai...

- Por que elas estão jogadas no chão?

- Ah, foi o vento. – disse ele cinicamente e eu tive vontade de rir.

- Hum, o vento, certo. – ela sorriu sem mostrar os dentes esperando que ele pegasse as coisas no chão – Mas então, é sobre uma de suas alunas.

- Quem?

- Courtney.

- Sim, claro, o que tem ela? – eu queria matar ele por que ele provavelmente estava se lembrando de como ela gemia seu nome quando eles transaram, sim, eu tenho certeza que eles fizeram isso.

- Ela fez uma denuncia, eu não sei bem como lidar com isso.

Eu estava ficando com medo, aquela velha sempre sabe lidar com tudo.

- Denuncia? Que tipo de denuncia?

- Ela me disse que Jessica Baker sabe quem matou o Sr. Robbinson.

Meu coração definitivamente parou.

Eu não conseguia mais sentir o ar passando pelos meus pulmões.

- O que? – Justin precisou se controlar para não desmaiar ali mesmo.

- Exatamente o que eu disse, espera, você sabe de alguma coisa?

- Não, é que... – ele fez uma pausa – Bom, eu estou chocado.

- Eu também. – disse ela – Você acha que isso possa ser verdade?

- Eu não sei.

- A Courtney sempre arruma encrencas pra cima da Jessica, na maioria das vezes é realmente verdade, mas isso, eu não sei se...

- É melhor conversar com ela, isso é uma acusação muito séria, talvez seja apenas briguinha entre garotas.

- Foi o que eu pensei, pode vir comigo? Não acho a  Srta. Baker em lugar nenhum.

- Tudo bem, ela deve estar por ai. – ele ajustou a pasta em seu ombro tentando se controlar, ele não podia soar desesperado – Isso é estranho.

- Muito, eu nunca pensei que algum dos nossos alunos poderia saber sobre isso, não é, quer dizer... – a voz desapareceu assim que a porta foi fechada.

Porra, eu ia matar o filho da puta do Chris.

Depois de me certificar de que eles haviam desaparecido na curva do corredor sai da sala correndo as pressas pra quadra de basquete onde devia estar acontecendo o treino.

E eu estava certa, mas ainda não tinha começado.

Os garotos estavam esparramados na arquibancada simplesmente dando risadas, provavelmente falando sobre as últimas garotas com quem transaram ou simplesmente sobre futebol.

- Christian! – gritei indo até ele em dois saltos.

- Meu amor! – ele sorriu pra mim – Onde você esteve? Eu procurei por você em todo lugar, a aula de...

Dei um tapa na cara dele.

- Você é um filho da puta!

- O que? – ele estava confuso e sentindo sua bochecha formigar – Que porra você tá fazendo?

-  CÍNICO! – empurrei ele com muita força e ele se desequilibrou e acabou batendo as costas no ferro – EU NUNCA VOU TE PERDOAR!

Eu dei as costas enquanto ele reclamava de dor, seus amigos, os quais eu conhecia quase a maioria, agora não sabiam se riam ou se ajudava o imbecil. Não consigo acreditar que ele teve coragem de fazer isso, é muita cara de pal.

- Jessica espera! – de repente ele estava andando bem ao meu lado, meus pés tinham acabado de pisar do lado de fora da quadra.

- Eu não quero falar com você, nunca mais.

- Jessie! – repetiu ele me alcançando e se colocando na minha frente me obrigando a parar.

Eu estava sem ar, mas continuava furiosa.

- Não enche! – resmunguei me desviando dele.

- Você não vai me explicar o que está acontecendo? – insistiu ele vindo atrás de mim.

- Não seja ridículo! – falei rispidamente acelerando o passo.

Mas de repente eu parei e me virei pra ele.

Eu devia parecer tão brava que ele recuou por um segundo temendo que eu lhe acertasse outro tapa.

- Nunca mais ouse falar comigo, tudo bem?

Disparei até a calçada novamente.

- Nós eramos amigos Jessie, nós eramos perfeitos juntos.

- Eramos. – respondi sem me virar.

Eu tinha que ir na diretoria o mais rápido possível. Eu sabia que ia travar e ia ficar muito nervosa mas eu precisava fazer aquilo, dizer que a Courtney estava enganada, que eu não sabia de porra nenhuma.

- Rubi precioso! – a voz nasalada de Bob me fez franzir a testa.

- Não tô mesmo no clima. – continuei andando como se ele nem mesmo estivesse ali – Sinto muito.

- Mas cherry eu preciso falar com você sobre...

- Bob vai procurar alguma coisa pra fazer por que eu to cheia.

Não precisei me virar para saber que ele estava triste e desapontado. Mas eu simplesmente tinha coisas mais importantes pra fazer.

Ao chegar a porta da escola avistei Victoria conversando animadamente com a Duda, provavelmente sobre o novo namorado delas, um é punheteiro e o outro é a ironia em pessoa.

Corri até elas.

- Vocês viram a diretora por ai?

- Olha só quem apareceu! – Vic riu segurando a barra da minha blusa.

- Viram? – repeti ríspida.

Elas se entreolharam confusas com o meu mal humor.

- Ela entrou na sala dela agorinha com o Justin. – Duda respondeu.

- Espera, você não acha que ele pegaria ela, acha? – Vic parecia querer vomitar só de pensar naquela possibilidade.

- NÃO! – quase gritei – Pelo amor de Deus, não fala uma merda dessas.

- Então...

- Nada Vic, só umas coisas que tão rolando.

- Legal, você não conta mais nada pra gente.

- Eu ia dizer a mesma coisa. – completou Duda tristemente.

- Hum, e quando vocês estavam planejando me contar sobre os meninos?

- Talvez quando você não sumisse sem dar notícias.

Eduarda, sempre irônica.

- Eu realmente estou com problemas. – abaixei a cabeça – E Courtney acabou de me arranjar mais um.

- O que ela fez?

- Na verdade não foi bem ela, foi o Chris, ele falou o que não devia pra vadia e ela contou pra diretora.

- Quando foi isso?

- Agora pela manhã.

- Mas o Chris estava com a gente o tempo todo. – Duda estava confusa.

- Era isso que eu estava tentando dizer. – de repente fui surpreendida pela voz de Bob se aproximando do grupo – O Christian não contou nada pra ninguém.

- Ah não? – dei risada – Então ela virou vidente e descobriu?

- Ela ouviu a conversa de vocês no vestiário hoje de manhã.

- Oh meu Deus! – gaguejei incrédula.

- Sim, e como você chegou de carro com o Justin ela ficou com raiva, ela me perguntou se eu sabia de alguma coisa, disse que todo garoto que ela gosta você sempre faz o favor de tomar dela, ela disse que o Justin era só dela e de mais ninguém, que você ia pagar muito caro.

- Ainda bem que eu não mencionei o nome dele na conversa.

- Espera, do que vocês estão falando? – perguntou Vic confusa.

- Longa história! – murmurei ainda chocada, foi então que avistei Chris escorado na porta principal, seu rosto marcado pelo tapa, seus olhos tristes presos em mim – Droga, eu acho que fiz besteira.

- O que? Eu não estou entendendo nada.

- Vejo vocês depois! – falei num suspiro indo até o Chris – Bob explica pra elas, eu tenho que falar com ele.

- Tudo bem.

- E me desculpa por tudo, você é um bom garoto. – sorri de leve pra ele, e ele retribuiu da mesma maneira, ele sempre me entende, ele é o Bob.

Diminui os passos tentando dentro de mim encontrar palavras que pudessem amenizar a porra do que eu tinha feito.

Simplesmente não existiam.

- Eu já sei! – sussurrei baixinho de frente pra ele.

- Ah.

- Desculpa.

- Tudo bem. – ele não me olhava.

- Eu não deveria...

- Tudo bem, de verdade. – ele sorriu fraco finalmente me fitando – Sabe, eu achei que talvez nós dois tínhamos uma chance, mas a verdade é que eu percebi que não, por que você gosta daquele cara, mesmo ele sendo um idiota, mesmo ele tendo matado o seu professor, mesmo ele te tratando como uma vadia, como uma qualquer, ainda assim é ele que você ama. Eu desisti de tentar, mas eu sei que no fundo você sabe que ele não é o cara certo pra você, essa vida, essa coisa de amor bandido, isso não é pra você.

- Chris...

- Tá legal Jessie, é sério. – ele ria amargo – Quem eu sou perto dele? Apenas um playboy metido a besta que vai pra Havard, que quer ser advogado, que sei lá, quer ser alguém na vida. Eu sou o cara que faz tudo certo, o pegador do colégio mas ainda o tipo de cara que esqueceria qualquer pessoa pra ficar só com uma, o tipo de cara que nunca te faria sofrer e que te ama tanto que está abrindo mão disso, vai lá, diz que é mentira, deixa ele sair impune, eu não me importo.

- Eu realmente sinto muito. – disse num fiapo de voz.

- Não sinta! – ele reforçou o sorriso e passou por mim, deixando uma Jessica completamente desestruturada.

Christian tinha razão.

Justin me envolvia de tal maneira que eu me esquecia de todas as maldades que ele fazia, me esquecia de todas ás vezes que ele me fez chorar e agiu como um canalha. Justin era tão escroto e sem coração, tão fútil e insensível, eu nunca representei nada pra ele quando ele era tudo pra mim.

E mesmo sabendo disso eu não conseguia fazer nada que pudesse prejudicar ele, por que ele despertou algo estúpido e irracional em mim, um sentimento que porra eu não consigo controlar, é insano, me consome.

Eu sabia que tinha que dizer a verdade.

Mas também sabia que não iria dizer.

Por que eu o amo.

Dei duas batidas na porta e em seguida girei a maçaneta.

Justin estava sentado na cadeira em frente a Sra. Hudson que estava do outro lado da mesa. Seja lá o que eles estivessem conversando ambos se calaram ao notarem minha presença.

- Com licença, me falaram que estava me procurando.

- É verdade. – disse ela assentindo para que eu me sentasse na cadeira ao lado do Justin – Você já deve saber do que se trata.

- Na verdade eu não sei. – falei tentando soar verdadeira.

- Ah não? – ela parecia estar querendo me coagir – Pois eu vou direto ao ponto Srta. Baker, uma de suas colegas me disse que você sabe quem foi o responsável pela morte do Sr. Robbinson, isso é uma acusação muito séria, tem noção disso?

Não consegui esboçar qualquer reação. Ela me amedrontava por completo.

- Como eu disse Sra. Hudson, não acho que Jessica tenha feito isso. Eu sei que são apenas dois dias aqui, mas pude notar que ela é uma ótima pessoa. – era incrível como Justin conseguia ser um bom ator.

- É por que você não sabe dos problemas que essa ai já me deu, ela e as amigas dela cheiram a encrenca.

- Sra. Hudson não estamos falando de qualquer besteira, é um assassinato.

- Não tente defender ela só por que é uma boa aluna Sr. Bieber.

- Eu não estou defendendo ela. – ele disse rápido, meio confuso.

- Tudo bem Sr. Bieber. – eu disse, forçando um sorriso – Obrigada por ser tão gentil, mas eu posso lidar com ela.

- Ah, você pode? – aquela velha rabugenta sendo sarcástica.

- Eu não sei de nada do que a Courtney disse, é tudo mentira.

- Por que ela inventaria algo tão serio?

- Ela me odeia por que os garotos preferem a mim do que ela, eu não posso fazer nada se ela é toda feita de silicone e cirurgias plásticas, sinto muito mesmo mas isso já não é comigo.

Percebi Justin conter uma risada.

- Hum, tem certeza do que está me dizendo?

- É claro que tenho. E me sinto mal por essa acusação, ele era o meu professor preferido, eu fiquei em choque quando soube do que aconteceu, eu juro que se soubesse quem fez tal barbaridade seria a primeira a ir a delegacia.

- Eu realmente espero que esteja ciente disso. – disse ela firme olhando no fundo dos meus olhos – Ele era nosso professor a muito tempo e foi uma perda muito grande, sinto-me ainda em luto e também sinto o coração doer, na hora do intervalo, nos reunimos na sala dos professores e tudo está simplesmente sem vida, sem brilho, sem cor.

- Eu sei. – disse baixinho – E eu lamento muito.

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Meu coração não aguenta ): últimos capítulos ):

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