Gangster Love - Capítulo 14 - I am so sorry

“A verdadeira lealdade leva anos para se construir e apenas segundos para se destruir.”

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Jessica P.O.V

- Jessie anda logo! – ele gritou mais uma vez.

- Tudo bem. – mal fechei a porta do carro e Justin já partiu, guinchando os pneus.

Ele percorria as ruas em velocidade alarmante. Nunca iria me esquecer dos olhos marejados de Pattie ao vê-lo passando por aquela porta.

E pensar que era tudo culpa minha. Eu tinha ligado pro Jeremy e contado toda a verdade sem pensar duas vezes, sem pensar em quem estava magoando, sem pensar nas consequências. Eu me deixei levar pela raiva que sentia de Justin pelo modo como ele tinha tratado o Dan, sua mãe e por todas essas mentiras, por ele ter coragem de ser tão falso com a própria família.

Apesar de ele ser assim, eu reconhecia que eu não tinha nada que ter me metido nisso, era um assunto dele, unicamente dele. Estava tudo certo, e eu mais uma vez estraguei tudo.

Onde eu encontraria forças para contar pra ele?

De repente meu celular começou a vibrar dentro de bolsa. O tirei de lá e fiquei totalmente surpresa e digamos que até chocada ao ver que era a Courtney. Essa garota nunca me liga, a não ser que ela tem algo muito bom pra esfregar na minha cara.

Mesmo assim era estranho.

Mas eu me sentia tão culpada que qualquer coisa poderia me distrair.

- Alô? – atendi.

- OLHA AQUI SUA VAGABUNDA...

- Do que você me chamou? – fiquei incrédula.

- Isso mesmo que você ouviu. Pode voltar pra cá agora entendeu? O Chris é meu, só meu e de mais ninguém.

- De que diabos você está falando garota?

- Você acha que eu não sei? Ele já me contou Jessie. Eu sei que você não está em Nova Iorque, você fugiu com o Chris, ele me contou tudo sua idiota.

- Você é louca! – disse conseguindo rir fraco – Completamente louca.

- Se você não voltar pra casa e trazer o meu Chris de volta eu vou ligar pra sua mãe e dizer que você está em Los Angeles, eu vou atrapalhar todos os seus planos querida.

- É mesmo? – dei risada – Faça isso Courtney. Diga a minha mãe que eu estou em Los Angeles com o Chris, o garoto que eu peguei no banheiro das líderes de torcida, o motivo pelo qual eu fiquei de castigo por que certas pessoas contou para a Diretora. Vai em frente.

- Você vai se ver comigo Jessica, você não sabe com quem está se metendo!

- Ai que medinho! – dei risada – Acho melhor eu desligar, você sabe, o Chris está aqui do meu lado e nós temos coisa melhor pra fazer.

- EU VOU TE – desliguei o celular e fiquei rindo por algum tempo.

Aquela garota precisa de um médico urgente.

Olhei para o lado. Justin continuava a dirigir sem tirar os olhos da estrada, mas ele parecia mais calmo. Aliás, bem mais calmo do que há alguns minutos atrás.

- Para onde vamos? – perguntei ao me certificar de que ele tinha voltado ao normal.

- Ottawa. – respondeu depois de algum tempo.

- Capital?

Ele assentiu sem desviar os olhos da estrada.

- Estamos lá em seis horas.

- Você vai dirigir a noite inteira? – estava preocupada – Você precisa dormir, descansar, comer.

- Não preciso de nada.

Engoli em seco.

- Eu sinto muito. – disse com sinceridade.

- Imagina eu. – ele riu fraco – Eu não entendo como ele descobriu.

- Justin eu preciso te contar uma coisa.

- Contar o que? – ele me olhou por um breve segundo, meus olhos estavam debulhados em lágrimas que começavam a escorrer pelo meu rosto – Eu não acredito, não pode ser. Você não faria isso, você não... – ele parou de falar e apertou o volante com força ao desviar os olhos de mim.

- Eu estava com raiva. – disse em meio às lágrimas – Por causa do jeito que você me tratou e o jeito que tratou o Dan, e a sua mãe, e eu estava cansada de ver você mentindo para essas pessoas por que elas te amam Justin, elas te amam tanto.

Ele continuou a dirigir em silêncio sem olhar pra mim. Era como se ele esperasse isso de qualquer pessoa no mundo, menos de mim. Aquilo era torturante, aquele silêncio era pior do qualquer coisa. Eu o queria gritando e xingando, queria ele me dizendo que eu era a pior pessoa do mundo, me batendo, qualquer coisa. Mas aquele silêncio... Doía demais.

- Justin! – comecei a falar.

- Não! – ele me cortou – Eu não quero ouvir nada.

Ele passava pelos cruzamentos sem prestar muita atenção nas esquinas. Somente seu corpo estava ali, era evidente que seus pensamentos estavam bem longe.

- Justin? – o chamei segurando a porta com força assim que ele voou quando passamos em uma lombada eletrônica em que só se era permitido “40km”.

Ele estava fazendo de propósito. Ele descontava tudo que sentia no trânsito, na velocidade, na adrenalina, no vento que passava pela janela e fazia o seu cabelo voar.

Ajustei o cinto.

Ele continuou acelerando.

- Me desculpa! – pedi baixinho.

Ele riu, uma risada pesada e triste.

Sacudiu a cabeça.

- E eu ainda pensei que você era diferente.

Aquelas palavras fizeram o meu estômago se contorcer.

Ele fez uma curva tão rápida que eu tive que me segurar para não voar para cima e atingir o vidro da frente.

Não conversamos mais. Tudo que eu me lembro é de cair no sono.

[...]

- Dá pra você acordar logo? – Justin disse impaciente e segurou meu braço.

Abri os olhos confusa e o vi parado do lado de fora do carro. Ele soltou meu braço ao notar que eu havia acordado e então soltou um longo suspiro.

- Chegamos?

Ele assentiu.

- Que horas são?

- Meia noite e meia.

- Uau! – disse abaixando a cabeça e piscando um pouco.

- Vai sair logo ou vai dormir ai mesmo?

Peguei minha bolsa e sai do carro. Só então notei que estávamos no estacionamento de um Hotel, aliás, um Hotel com uma entrada espetacular, sem contar que ele era gigante.

- São minhas sim, pode levar! – ele disse para o Bell boy que estava com o carrinho de colocar as malas.

- Eu peguei no sono, passou tão rápido. – murmurei ainda sonolenta, estava um frio pra porra.

Ele não disse nada, apenas continuou andando em direção a porta de vidro fumê da entrada do Hotel. Notei que deveria o seguir ou ficaria ali sozinha. O fato de ele não estar me dando à menor moral estava me matando.

A recepcionista do Hotel foi tão simpática com ele que me deixou até irritada. Ela entregou um cartão a ele e então ele se direcionou até o elevador, eu fiz o mesmo e ele apertou para irmos para o nono andar. Ele estava inquieto como sempre fica quando está dentro de um elevador. Quando a porta se abriu ele rapidamente saiu e eu fiz o mesmo.

Ele chegou até a porta 312B e passou o cartão que fez com que ela se abrisse.

O quarto era incrível, excepcional. Eram iguais aos que costumava ficar quando viajava com o meu pai. Uma cama box King Size com lençóis vermelhos enfeitava o ambiente que tinha o resto dos móveis brancos. Mais a frente uma porta que dava para a varanda e do lado esquerdo outra porta que dava para o banheiro que de longe pude perceber que tinha uma banheira.

Seria um desperdício ficar ali e não poder fazer... nada.

Mas em que diabos eu estou pensando?

Se isso está acontecendo à culpa é toda minha.

- Coloca ai! – ele disse e então eu me virei e vi o homem chegar com as malas.

Me afastei para dar espaço a ele e me sentei na cama macia.

Justin abriu sua mochila depois que o homem saiu e pegou uma cueca. Depois ele foi tomar banho, é claro que já tinha toalhas no banheiro.

Suspirei cansada odiando tudo que estava acontecendo.

Ele sabe muito bem como me fazer sentir a pessoa mais culpada do mundo.

Novamente meu celular começou a tocar.

Bufei de raiva, dessa vez.

“Chris Calling” denunciou o visor.

Por que ele estava me ligando?

Sem pensar muito atendi.

- Que foi Chris? – perguntei sem ânimo.

- Jessica! – exclamou – Graças a Deus você atendeu!

- O que você quer?

- Eu precisava falar com você, é que eu fiz uma coisa...

- Disse pra Courtney que estamos juntos em Los Angeles? – suspirei – É, eu já sei.

- Nossa! – disse surpreso – Tarde demais.

- Não se preocupe, eu não neguei nada. O que aconteceu?

- Essa louca fica no meu pé o dia inteiro, não sei mais onde me esconder, não sei como deixar claro que eu não quero nada com ela. Será que eu vou ter que desenhar na testa dela?

Dei risada.

- Ela é a Courtney, apesar de ser bem bitch os garotos gostam dela.

- Não os que conhecem você. – sussurrou me deixando sem palavras – Além do mais isso já está me dando nos nervos.

- Deixa isso claro pra ela, eu sei lá, se ela me ligar de novo vou mandar ela ir tomar naquele lugar.

Ele riu.

- É tão a sua cara. Quer dizer, você resolve as coisas tão fáceis.

- Quem dera! – falei sem vida me lembrando de que o que eu tinha feito hoje talvez nunca pudesse ser consertado.

- Onde você está?

- Canadá. – respondi– Graças a sua stalker fofoqueira.

- Canadá? – ele provavelmente arregalou os olhos - Uau, por essa eu não esperava mesmo.

- Pra você ver.

- E quando você volta?

- Pelo que eu vejo não vai demorar muito. – disse triste.

- Algum problema?

- Nenhum. – menti.

- Quando voltar podemos nos ver? Sei lá, fazer alguma coisa.

- Sim, claro. – concordei – Eu te ligo, pode ser?

- Aham, pode.

Ouvi o barulho da ducha sendo desligada.

- Chris eu vou ter que desligar, tô com muito sono, nos falamos depois então?

- Claro, eu liguei muito tarde, até mais Jessie, estou com saudades.

- Tchau Chris. – desliguei o celular e escondi de baixo do travesseiro.

Justin saiu do banheiro apenas de box. Puta que pariu ele queria me matar. Ele estava esfregando a toalha no cabelo para secá-lo, as gotas descendo sobre seu abdômen estavam me fazendo suspirar.

Desviei os olhos procurando por ar.

Ele estava querendo me provocar não é? Ele sabia muito bem como fazer isso.

O canadense jogou a toalha no chão e se deitou por cima das cobertas bem ao meu lado, mesmo fazendo um frio do caralho ele não se embrulhou. É claro que era pra me provocar.

E estava conseguindo.

Ele ligou a enorme tevê de Led e começou a assistir um jogo de hóquei.

Agora quem estava com raiva era eu, aquilo não era justo.

Levantei-me e peguei uma blusa de moletom e uma calcinha na mala, depois fui para o banheiro ouvindo Justin dar algumas risadas fingindo ser por causa do jogo.

Que espécie de pessoa ri assistindo jogo?

As normais, claro.

Enchi a banheira de água quente e espuma e fiquei lá por muito, muito tempo.

Até secar todas as lágrimas e reprimir todos os soluços.

Após trocar de roupa e voltar para o quarto Justin já estava dormindo. De bunda pra cima, suas pernas espalhadas por quase toda a cama. Ele parecia um pequeno anjo indefeso, tirando a parte que seus braços estavam cobertos por tatuagens, óbvio.

O que eu sabia sobre ele?

Pouca coisa. Confesso.

Mas ainda assim ele tinha me mostrado quem ele era de verdade. Aos poucos ele foi me mostrando seu verdadeiro eu, sem mentir, sem truques. E eu tive a oportunidade de sair por que eu sabia que ele era encrenca, que era loucura. Mas ainda assim algo me prendeu a ele, algo inexplicável. E agora eu acabei com tudo, com qualquer sentimento que ele poderia nutrir por mim, se é que isso um dia seria possível.

Puxei as cobertas que estavam em baixo dele e ele apenas se mexeu virando a cabeça pro outro lado. O cobri por completo e depois me deitei aquecendo-me em meio ao frio congelante. Por algum motivo me virei e beijei sua bochecha.

Logo depois peguei no sono.

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