Gangster Love - Capítulo 22 - Eu me importo

“Você nunca vai valer muito pra quem não vale nada.” 

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Jessica Baker P.O.V

Por que eu estava chorando por causa daquele idiota? Se liga Jessica, é do Justin que estamos falando. Não é como se eu não soubesse que ele era capaz disso, como eu fui idiota por pensar que, pensar que ele pudesse realmente sentir algo por mim ou pelo menos ser menos canalha. Qual é, ele me deixou lá esperando por ele enquanto subia para ter uma rapidinha com aquela vagabunda? Eu me sentia a garota mais burra de todo o universo. E agora eu só queria que nunca o tivesse conhecido. Olha só a que ponto eu cheguei, eu roubei uma joalheria, eu roubei um super mercado, eu experimentei drogas e tomei todos os tipos de bebidas do mundo, eu fugi de casa e até mesmo enganei pessoas boas que só queriam o bem do seu próprio filho, eu menti pra minha própria família, eu agi como uma adolescente rebelde e imatura que o meu pai tem toda razão por não sentir orgulho.

Eu sou uma vergonha.

- Chaz! – gritei ao chegar no portão, eu estava tentando ao máximo controlar os soluços mas era quase impossível.

- Ei, o que foi? – ele se levantou do meio fio um pouco assustado.

- Me leva pra casa? – o meu esforço de não parecer frágil tinha ido por água a baixo.

- Por que? O que aconteceu? – ele se prostrou na minha frente completamente transtornado.

Olhei pra trás e tive a visão de Justin correndo em nossa direção, se eu não saísse dali agora mesmo ele nos alcançaria. E eu não queria ouvir nenhuma desculpa, eu vi com os meus próprios olhos, ele é solteiro, é dono de si mesmo, ele não me devia nenhuma explicação. Eu simplesmente devia aceitar que sabia que ele era assim desde o início.

- Por favor! – peguei forte no pulso de Chaz e corri para o carro.

Abri a porta do carro com violência e joguei meu corpo sobre o assento.

- Que merda! – murmurei me deixando levar pela raiva, vi Chaz dar a volta no carro e segundos depois se sentar ao meu lado.

- Vai me dizer o que aconteceu ou não?

- Só liga essa porra e dirige! – falei ríspida.

- Espera Jessica, espera! – Justin estava batendo na janela do carro – Chaz para a porra desse carro, eu preciso conversar com ela!

- Chaz anda logo, sai daqui! – pedi sem ao menos olhar pro Justin, eu não acho que seria capaz de fazer isso.

- Jessica por favor, por favor me esculta Jessica! – Justin insistiu tentando acompanhar o carro que já saia do lugar.

- Eu não quero te ver nunca mais. – murmurei com a voz tremula o deixando para trás.

Que hora mais conveniente para se descobrir que se ama alguém não é mesmo? Quando essa pessoa te trai e te apunhala pelas costas. Eu sei que é meio estranho dizer que se ama alguém que você conhece há apenas duas semanas. Mas o que eu posso fazer se já li toda a coleção de livros do Nicholas Sparks? O cara deixou bem claro que isso é possível. E agora eu vejo que realmente é, por que eu não conheci só o lado bom desse idiota, eu também conheci o lado mais intenso e obscuro.

Um lado que eu preferia não conhecer.

Era pra ser só diversão, por que eu tinha que ser tão estúpida e me envolver? Por que eu não consegui controlar a porra dos meus sentimentos? Eu tentei ser madura mas no fim acabei sendo mais otária do que nunca. Uma criancinha.

E reviver tudo que passamos do dia que eu o conheci até aquele exato momento não estava ajudando muito, na verdade só fazia com que as lágrimas insistissem em escorrer pela minha face, cada vez mais.

- Dá pra me explicar que diabos acabou de acontecer?

Não respondi, as lembranças, as memórias... elas teimavam em dominar os meus pensamentos me mantendo longe de qualquer outra coisa que estivesse acontecendo no mundo.

- Jessica! – Chaz insistia em tentar entender o que nem eu mesma conseguia entender ainda.

- Ele é um idiota, não é? – olhei pra ele limpando as lágrimas com as costas da minha mão – O seu amigo é um completo idiota.

Ele riu, uma risada fraca e sem vida.

- Eu acho que sim, eu acho que ele é um idiota.

- Obrigada Chaz! – murmurei deixando escapar um pequeno sorriso.

- Você não quer falar sobre isso, eu entendo mas...

- Já ouviu falar de alguma garota que ele possa ter amado? – eu dizia aquilo mas pra mim mesma do que pra ele – Quer dizer, será que ele já amou alguém? Até mesmo a família dele ele foi capaz de enganar, sem ao menos se preocupar se eles sairiam machucados ou não.

- Ele só quer conquistar o seu território Jessie!

- Roubando o dos outros? Tá legal, eu sei que o Trevor não é a melhor pessoa do mundo, mas vale a pena se arriscar tanto por uma coisa tão escrota como ser um Gangster? Eu nem sei por que me meti nisso.

- O que ele fez?

- Ele usa as pessoas e quando não precisa mais delas ele simplesmente, ele...

- Leticia, é claro! – ele bufou quando o sinal se fechou – Ela estava lá em cima, como eu pude me esquecer.

- Ela não tem culpa de nada, ele só faz o que ele quer.

- Ela continua sendo uma vadia. – disse ele, se virando pra mim – Ou você acha que o Justin ia simplesmente chegar nela? É claro que ela deve ter provocado ele, olha só Jessica eu não estou dizendo que ele é inocente, mas eu conheço a Leticia, ela sabe muito bem como provocar um homem.

- Que ótimo.

- Eu só acho que ele gosta de você, do jeito dele.

- Que maneira mais incrível ele arrumou de demonstrar isso.

O sinal se abriu e um estranho silêncio se abateu.

- Aqui está Manhattan! – ele disse após uns longos vinte minutos.

- E a minha casa é virando a esquerda.

Ele estava quase passando da enorme mansão quando eu pedi que ele parasse.

- Valeu, eu não sei nem como te agradecer! – destravei a porta – Posso te pedir só mais um favor?

- Qualquer coisa. – ele abriu um enorme sorriso, e pela primeira vez notei o quanto ele era lindo, acho que estava tão hipnotizada pelos olhos cor de mel do Justin que me esqueci que existem outros homens no mundo.

- Traz minha mala quando puder? Eu nem tive tempo de pegar.

Ele suspirou alargando o sorriso.

- É claro, eu trago sim.

- Boa noite e divirta-se com a melhor prostituta da boate! – dei um beijo em sua bochecha podendo sentir o seu cheiro delicioso – Espero que você seja menos idiota que o seu amigo.

Ele riu alto.

- E eu espero que a prostituta seja mais gostosa que você!

Ignorei as suas palavras e apenas sai do carro com um sorriso bobo.

Alguns segundos depois ele saiu cantando pinel e desaparecendo na curva do asfalto. É óbvio que ele só estava dirigindo devagar antes por que estava comigo, pelo menos ele ainda tem essa consciência, o Justin quase me faz voar para fora do carro.

E ali estava aquela mansão onde passei os últimos dezoito anos da minha vida, ela passou por tantas transformações e agora parecia impossível que ficasse mais moderna. O que me esperava lá dentro? Quantos anos eu ficaria de castigo? Será que eu seria mandada para um colégio de freiras ou algo assim?

Eu não pensei em nada, apenas toquei a campainha.

- Quem é? – aquela voz era indiscutivelmente de Kevin.

- Kevin eu já falei pra você ficar longe da campainha e do celular! – e aquela era sem dúvidas a minha mãe.

Por que ele não pode atender a campainha?

- Uh, sou eu. – falei tão baixo que mal ouvi.

- Eu quem? – perguntou o songa monga.

- Eu, Jessie! – disse ríspida.

- Jessica? – era minha mãe agora – Filha, é você?

- Euzinha.

Menos de meio segundo depois o portão se abriu.

Vi ele se fechar depois que eu entrei.

E enquanto caminhava pelo jardim minha mãe saiu de dentro de casa correndo em minha direção. Ela estava tão... diferente.

- Minha filha, você voltou! – ela me abraçou tão forte que quase quebrou todos os ossos do meu corpo, sem contar que ela me dava beijos e apertos, parecia que não me via há anos – Não faça mais isso comigo, por favor não faça!

- Desculpa! – foi tudo o que eu consegui dizer.

- Eu senti a sua falta! – por cima do ombro de minha mãe pude avistar a figura pálida do meu irmão mais novo.

- E eu senti saudades de ganhar de você no vídeo-game! – falei abrindo um sorriso verdadeiro e correndo para abraça-lo e bagunçar seu cabelo.

E eu não estava mentindo, e só agora percebia que não importa o quanto eu sinta raiva deles ás vezes, eles são a minha família. Como eu poderia ficar longe das pessoas que me aguentaram nos piores momentos da minha vida? Nas horas em que eu era mais chata e insuportável? Minha mãe me abraçou de um lado e Kevin de outro, assim caminhamos para dentro de casa.

Estremeci dos pés a cabeça desmanchando o sorriso quando vi meu pai na sala de estar com um semblante sério. Julie estava sentada do outro lado em um sofá de pelúcia branco, seu rosto estava inchado, era como se ela tivesse chorado por horas, por noites, por muito tempo.

- Oi pai! – murmurei sem olhar pra ele.

- Oi Jessica! – respondeu com a voz passiva.

- Julie! – eu disse correndo para onde ela estava, minha pequena irmãzinha de apenas quatorze anos estava mais pálida do que o branquelo do Kevin, eu nunca tinha visto ela tão triste.

- Maninha! – as lágrimas escorriam por sua face quando eu a envolvi em um abraço bem apertado – Eu precisei tanto de você.

- O que aconteceu? – eu estava realmente preocupada, e assustada.

- O que aconteceu é que essa família está perdida Jessica, é isso.

- Não fale assim Richard! – resmungou minha mãe repreendendo as palavras que  meu pai tinha acabado de pronunciar – Por favor, não fale!

- Essa é a verdade! – ele estava quase gritando, o que eu achei estranho por que por mais que eles fossem egocêntricos e egoístas, sempre se trataram bem, sempre demonstraram o quanto se amavam – A quem você está querendo enganar com esse sorriso falso no rosto?

- É só uma fase Rich! – ela insistiu – Vai passar.

- Quer dizer que o filho que a Julie está esperando vai desaparecer com o tempo? Quer dizer que o Kevin vai deixar de ser viciado em sexo da noite pro dia? Quer dizer também que a Jessica vai parar de achar que ela já pode mandar no seu próprio nariz assim do nada? – seus olhos estavam marejados – Eu só queria saber onde foi que eu errei, será que eu fui um pai tão ruim assim?

- Julie, você... – me desfiz do abraço começando a olha-la com outros olhos, as lágrimas já eram visíveis e escorriam pelo meu rosto, da mesma forma como ela mantinha um choro compulsivo.

Eu sempre soube que o Kevin era viciado em sexo, e ele só tem dezesseis anos porra, dezesseis.  Aliás eu não estava aqui no aniversário dele que foi no sábado passado. Eu acho que ele perdeu sua virgindade com doze anos, isso não é normal cara, não é mesmo. Mas eu confesso que nunca pensei que fosse uma doença ou algo assim, que fosse algo realmente sério. E a Julie? Porra minha irmãzinha, eu ainda brincava de boneca com essa criatura há uns dois anos atrás. Quando é que eles cresceram tanto? E onde é que eu estava pra não ter impedido isso?

Foi quando eu novamente amaldiçoei o dia em que conheci Justin.

Eu fugi sem ao menos imaginar o quanto minha família estava desistruturada.

E tudo isso pra ajudar um filho da puta sem sentimentos.

- Eu tô com medo! – ela disse entre soluços me puxando para si, me abraçando o mais forte que alguém já me abraçou na vida – Eu tô com muito medo.

- Vai ficar tudo bem! – eu disse alisando as suas costas, sem ter a mínima ideia do que estava dizendo.

Justin Bieber P.O.V

Eu tinha mandado a Leticia pro olho da rua. Eu não me importava se ela poderia dormir em um banco de praça ou se alguém poderia estuprar ela, eu não dava a mínima. Eu estava com muita raiva pra pensar em outra coisa. Por que? Me diz, por que é que eu tinha que fazer isso? Ela me ajudou cara, ela me ajudou pra caralho e olha só como eu retribui. Tá legal, eu não sou o cara mais sentimental do mundo, mas daí agir como se eu não tivesse coração já é demais.

Mas espera ai... se eu estou fazendo todo esse drama é por que eu me importo, não é?

Sim caralho, eu me importo.

MERDA.

Quando foi que eu comecei me importar com os sentimentos de alguém?

Esse não sou eu, isso tá errado.

Eu acho que vou explodir.

Já tinha quebrado quase todos os móveis daquele maldito apartamento quando a campainha tocou.

- JÁ FALEI PRA VOCÊ MANDAR O PÉ DAQUI PORRA! – gritei enfurecido ao abrir a droga da porta – Bruce?

Espera... que diabos o meu avô está fazendo aqui? 

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