Protected in Paradise - Capítulo 32 - Thanks for breaking my heart!

“Tantas vezes segurei uma lágrima, porque eu sabia que se ela caísse, todas as outras viriam logo em seguida.”

Justin P.O.V - Para ler esse capítulo no anime clique (aqui)

Um mês depois.

Eu tinha vivido os piores momentos de toda a minha vida. Parecia que aquela angustia, aquele desespero, aquela dor... parecia que nunca ia embora. Já tinha um mês, exatamente um mês que a Candi estava naquela droga de hospital sem dar nenhum sinal de vida. Eu passava o dia inteiro com ela, os médicos até deixavam que eu ficasse o tempo todo no quarto agora. Eles me diziam que ela não tinha esperança, diziam que deveriam desligar todos os aparelhos. Mas nós não deixamos. Claro. É óbvio que não. A minha princesa, ela está esperando um bebê, ela ainda respira, eu sei que  ela ainda está ali. Eu sei que ela está porra.

Durante esse mês Joshua concordou em manter o caso Thomas em sigilo e deixamos o coma da Candi como desculpa para a ausência dele no cargo de Prefeito. Talvez isso fosse ruim pra nós, talvez ele acabasse arrumando uma maneira de sair dessa mas foda-se, tudo que me importava era a Candi, só ela e o meu filho, mais nada. Madelyn estava constantemente no hospital. Apesar de tentar esconder dela, não consegui fazer isso muito tempo, quer dizer, a Stacy não conseguiu. As duas me olham torto e sentem raiva mas elas sabem o quanto eu amo a Candi, elas sabem, elas viram de perto todo o meu sofrimento. A Emma, o Chaz e o Ryan estão loucos para me levar pra casa... mas a verdade é que eu nem me lembro mais de como é o sol lá fora.

[...]

Candi P.O.V

A água invadia meu corpo e eu já não conseguia respirar. Eu me lembro de abrir os olhos e ver alguém. Mas não era quem eu queria ver. 

Não, o Zach não era o Justin. E eu perguntei por ele, perguntei por ele e fechei os olhos... para sempre?

Era como estar sendo carregada pelas nuvens, eu não sentia meu corpo e não podia ouvir nada, tudo soava como um eco oblíquo no meu subconsciente. Eu era leve como uma pena, de fato, eu não era nada.

Será que é isso que as pessoas sentem antes de morrer?

Aquela sensação de que fez tudo errado e de que na verdade ainda tem muito o que viver ou então aquele puto remorso gritando dentro de você, te lembrando a cada segundo o quanto você agiu errado.

E então você começa a pensar sobre todos que você ama, especialmente sobre "aquela pessoa", você se sente um lixo por ter perdido essa pessoa, aliás, você só queria poder voltar no tempo e não ter feito isso, mesmo que você se sentisse perdida, ainda que tudo parecesse o fim do mundo.

Você tem certeza de que não deveria ter desistido.

Então você tenta de todas as formas voltar, você quer sentir o vento sobre a sua pele, você quer sentir os lábios daquela pessoa e você quer respirar. Você grita tão alto, você grita mais uma vez e mais uma.

Mas ninguém ouve.

Ninguém liga.

"Será que eu já morri? " você pensa e então se dá conta de que ali está apenas o seu corpo, é apenas matéria, não tem ar, não tem nada, e algo quer puxar a sua alma para longe, algo tenta te levar de vez para o abismo.

Você reluta... você tenta mexer o seu corpo mas os seus pulmões não deixam o ar passar, os seus músculos não se movem mais, seu peito não se movimenta e o seu coração está desacelerando aos poucos.

E dentro de você há algo que te faz lutar contra esse ser maligno que está te empurrando para o abismo, é tão mais fácil você segui-lo, você sabe que sim mas algo, o pouco que restou dentro de você, essa parte quer que você lute até o fim por que existem pessoas que precisam de você, pessoas que vão sofrer se você não estiver por perto.

[...]

O teto branco e o cheiro de lavanda, álcool e gel denunciava que eu estava em um hospital. Mexi as pálpebras tentando abrir os olhos mas era como se tivesse uma tonelada por cima deles, parecia que a minha cabeça ia explodir de tanta dor, eu tinha perdido todos os sentidos, era angustiante, completamente angustiante.

Abri os olhos piscando freneticamente, lutando para mantê-los assim, a luz era tão forte que eu tinha a sensação de que elas queimariam as minhas íris azuis. Tentei respirar fundo mas a dor era tão grande que me impedia de soltar o ar, era algo parecido com ser atropelada por um caminhão e em seguida dormir por anos e anos sem acordar por um segundinho se quer.

Mexi as mãos tentando trazê-las até o meu rosto, logo percebi que elas estavam cobertas por fios, segui os fios com os olhos e notei que estava tomando soro. Eu não conseguia falar, e o motivo era uma coisa, uma espécie de cubo, talvez a única coisa que me mantinha respirando. Droga! Curvei-me para cima na esperança de conseguir me apoiar na cabeceira da cama. Não movi um músculo se quer.

Então de repente os meus sentidos foram voltando um a um. E não foi o barulho irritante dos aparelhos que me incomodou, foi outra coisa. Foi um choro profundo, um choro tão profundo que gerava soluços. Virei a cabeça com cuidado procurando de todas as formas encontrar a pessoa que tanto chorava, surpreendentemente ou não, era ele. Justin estava sentado em uma cadeira alta ao lado da cama, sua cabeça estava escondida na beirada abafando o choro que ainda assim era alto, sem levantar a cabeça ele segurou forte a minha mão e nesse exato momento eu senti que estava viva. Eu finalmente senti que eu não havia morrido, eu estava ali, era real. E se não estivesse, era algo próximo ao Paraíso.

Paraíso por que ele estava ali.

- Bebê, bebê! Você não vai falar comigo nunca mais? Meu amor eu preciso de você poxa volta pra mim, eu não quero que eles desliguem você, eles não podem te silenciar, eu não vou deixar, volta pra mim amor... eu te amo, por favor, volta pra mim, volta pra mim. Candi, Candi volta pra mim.

Eu queria dizer que eu também o amava. Mas eu não conseguia nem se quer me mexer, como eu faria aquilo? E droga por que diabos eu estava ali? A tentativa inútil de me curvar de novo, fez a minha cabeça quase explodir de dor. As imagens voltavam na minha cabeça quase destruindo os meus miolos. Justin... eu me lembrava de tudo... ele prendeu meu pai. Droga! Ele prendeu meu pai. Ele prendeu não foi? O meu amor, ele prendeu o meu pai e o meu irmão. Por que eu estou aqui? Eu tinha me matado, eu me lembro muito bem de lembrar do sorriso dele antes de morrer, é claro que eu... mas... mas ele estava ali apertando forte a minha mão e chorando. Isso é um velório ou é um hospital? Minha alma parece estar novamente aqui só que eu não consigo comandar o meu corpo.

- Eu vou cuidar de você, eu vou falar para aquele médico do caralho que ele não vai desligar porra nenhuma por que você está aqui, eu sei que você... CANDI? CANDI MEU AMOR! - aqueles olhos castanhos pareciam dois enxames de abelha quando ele levantou a cabeça e viu meus olhos abertos que o fitavam sem expressão - CANDI, CANDI É VOCÊ, VOCÊ ACORDOU, CANDI FALA COMIGO, MEU AMOR FALA COMIGO! - ele apertou mais forte a minha mão e se levantou da cadeira afastando-a para trás, eu só queria poder pedir a ele que parasse de gritar por que a minha cabeça doía muito - EU SABIA, EU SABIA QUE VOCÊ IA ACORDAR, EU SABIA, EU VOU CHAMAR UM MÉDICO, EU JÁ VOLTO! - ele soltou minha mão e deu as costas, mas antes que eu conseguisse raciocinar direito senti ele segura-la de novo e usar  a outra mão para acariciar minha bochecha -  EU PROMETO QUE VOLTO TÁ? EU SÓ VOU CHAMAR UM MÉDICO AMOR, ELE VAI CUIDAR DE VOCÊ, ELE VAI CUIDAR.

Não. Eu não queria que ele fosse. Eu queria que ele ficasse ali. Não, ele tinha que ficar comigo. E se eu morresse naquele exato momento? E se eu fosse embora, se não houvesse mais esperança? Eu merecia, eu merecia ver aqueles olhos pela última vez.

Graças a Deus não demorou nem vinte segundos até que um monte de pessoas vestidas de branco entrassem no quarto, eu me sentia mais sufocada do que nunca. Eu sabia que não precisava mais daquele tubo na minha boca. Eu queria falar, eu queria entender o que estava acontecendo. Eu precisava de respostas.

- Ela acordou! Eu não consigo acreditar nisso! - um homem de cabelos grisalhos exclamava exaltado enquanto tirava com cuidado o tubo da minha boca, quase como se estivesse lendo os meus pensamentos.

- EU SABIA, EU SABIA! - Justin gritava eufórico, de reflexo notei que ele e Stacy se abraçavam e pulavam. Caramba, essa era uma cena que eu nunca pensei que veria na minha vida. Ou seria na minha morte? Ah, tanto faz.

- Vocês tem que sair daqui, nós precisamos fazer alguns exames nela. - o médico ordenou se virando para os dois escandalosos. Justin então se aproximou de mim com um sorriso de orelha a orelha. Eu daria qualquer coisa por aquele sorriso.

- Eu vou ficar com você depois tá? Eu prometo amor, tá tudo bem agora! - ele beijou minha bochecha demoradamente, eu queria dizer alguma coisa mas não conseguia.

Ele se virou ainda eufórico e voltou a gritar junto com a destrambelhada saindo do quarto. Já disse que a minha cabeça doía? Sério, pesava toneladas. O médico e outras duas mulheres vestidas de branco arrumavam algumas coisas selecionando uma por uma em cima de uma mesinha que estava perto da porta.

- O que aconteceu? - perguntei sentindo a minha voz fraca e a minha garganta seca.

- Tá tudo bem! - uma das enfermeiras sorriu pra mim, queria sorrir de volta porém a agulha enorme que ela tinha em mãos me fez desistir disso - Só vou coletar seu sangue para fazer uns exames tá?

Assentir seria o mesmo que pedir pra gritar de dor então apenas mexi a minha mão indicando que ela poderia fazer isso logo. Ela amarrou uma liga no meu anti-braço e logo depois a agulha perfurou o local, a seringa se encheu de sangue, mas eu nem senti dor, foi tipo uma picada. Nada que se comparava a minha cabeça tendo um colapso.

- Você se lembra qual é o seu nome mocinha? - perguntou o médico abrindo minha boca e analisando cada canto dela usando uma espécie de palito de picolé.

- Candice! - disse ainda com a voz fraca - Mackenzie.

- Muito bem! - ele sorriu - Você se jogou de um penhasco e sofreu graves sequelas há um mês atrás. Eu não sei o que aconteceu, na verdade eu sei, foi Deus, ele trouxe você de volta, isso é um milagre! - o médico segurou minha mão gélida e deu um beijo naquele local - Fico feliz que tenha vencido Srta Candice, eu vou chamar o seu namorado.

Ele deu as costas junto com a duas enfermeiras que levaram o sangue coletado.

Namorado. Essa palavra me fez estremecer. Será que eu ainda tinha um namorado depois de tudo que aconteceu? O ódio estava voltando. A raiva por tudo que ele tinha feito aos poucos tomava conta de mim novamente. Eu não podia simplesmente esquecer de tudo. Ele quebrou o meu coração em pedacinhos e essa maldita lembrança doía muito mais que a porra da minha cabeça.

Eu estava me escorando na cabeceira da cama quando ele entrou no quarto.

- Candice, Candice! - falou desesperado apressando os passos e me ajudando a terminar o que eu tinha começado - Cuidado amor, você precisa de descanso!

- Eu tô bem cara! - falei seca, minha voz soou mais firme do que eu pensei - Eu tô bem, é sério! - tirei as mãos dele de mim - Aliás eu tô ótima.

- Fico feliz ! - ele disse se sentando na beira da cama, e mesmo com o meu mal humor ele simplesmente não conseguia parar de sorrir e eu odiava aquilo.

- O que você quer mesmo? - o encarei corajosamente.

- Nós precisamos conversar! - ele pousou sua mão na minha perna, estava cansada demais para protestar aquilo - Talvez não seja o momento certo mas... promete que não vai me interromper, promete que vai me ouvir até o fim? Eu sei que eu fui um babaca mas...

- Sério, não me diga? - ri sarcástica.

- Candice por favor!

- Fala logo! - dei de ombros e o meu corpo doeu.

- Eu sei que porra eu fui imbecil, eu deveria ter te contado desde o início, mas você percebe que se eu tivesse te contado eu não ia conseguir prender ele? Eu sei que ele é o seu pai, tá bom, eu sei mas... isso não tira o fato de que ele seja um corrupto, você não faz ideia de quantas acusações ele está enfrentando, não é pouca coisa Candi, e eu sinto muito por que eu sei que ele é tudo pra você. Eu sei que eu não devia ter me apaixonado e você sabe mais do que ninguém que eu lutei com todas as minhas forças para fugir, para não me envolver... mas não deu, infelizmente ou felizmente não deu. E agora, agora nada disso deveria importar por que Candi tem uma coisa que eu acho que você não sabe, eu rezo para que não por que - ele fez uma pausa e desviou o olhar antes de continuar - Por que eu não quero acreditar que você se jogaria de um penhasco mesmo sabendo disso.

- Do que? - de todas as coisas que ele disse aquela última frase foi a única que realmente me importou.

- Nós... eu e você... Nós dois, a gente... - franzi o cenho confusa aguardando pelas palavras dele - A gente... nós... você, um filho... isso, é isso.

- QUÊ ? - gritei nervosa - O QUE VOCÊ DISSE JUSTIN?

- Candi se acalma por favor meu amor, você não pode se alterar!

- Você está me dizendo que eu estou grávida, é isso mesmo? - engoli em seco tentando acreditar que era apenas um mal entendido.

- Vai ficar tudo bem, essa criança vai ser muito amada por nós dois e por muita gente, acredita que a Stacy e o Chaz disseram que vão ser padrinhos? Olha até o Ryan queria ser, eles ficaram brigando durante horas e ai...  - ele estava ansioso, perdido e ainda sorrindo, ele só queria me mostrar o lado bom de tudo, ele queria me dizer que nós seríamos uma família perfeita.

Mas nós não seríamos.

- VOCÊ ESTÁ LOUCO! - gritei com todas as minhas forças - EU NÃO QUERO PORRA DE FILHO NENHUM CARA, EU NÃO QUERO ESSA COISA! - joguei o lençol no chão e percebi o pequeno volume na minha barriga.

Dizem que quando você está grávida você sente um amor inexplicável.

Tudo que eu sentia era ódio.

- Não fala isso pelo amor de Deus Candi! - Justin pediu se levantando da cama me olhando com repulsa.

Comecei a puxar os fios que estavam ligados ao meu corpo e então o Justin ficou mais angustiado ainda, ele começou a apertar um botão de emergência que estava ao meu lado e tentou me conter, porém eu sentia todas as minhas forças serem renovadas. A raiva desperta esse lado em mim. Chutei o estômago dele e não foi a força que fez com ele fosse pra trás, acho que foi a gravidade. Quando coloquei os pés no chão senti uma tontura e tive que me apoiar na cama para que eu não caísse. Justin ainda se recuperava do empurrão repentino. Ele veio na minha direção. Ele não sabia se me odiava ou se me ajudava, se tentava me segurar ou se me colocava de volta a cama.

Notei que o quarto estava cheio de cartões coloridos, flores amarelas e um monte de porta-retratos com diversas fotos. Eu não conseguia pensar em nada além de que eu estava grávida. GRÁVIDA PORRA. Eu, uma garota de apenas 17 anos grávida. Isso é tudo que eu menos quero no mundo. Ainda mais dele, desse ogro que entrou na minha vida com o único propósito de acabar com ela. Por que ele fez isso comigo? Por que ele destruiu tudo?

- Candi, você tá bem? - ele me segurava para que eu não caísse.

- ME SOLTA PORRA, ME SOLTA, EU NÃO QUERO VER VOCÊ, EU NÃO QUERO OUVIR A SUA VOZ, EU NÃO QUERO SABER DESSE FETO DO CARALHO QUE TÁ DENTRO DE MIM, EU NÃO TÔ NEM AI SE VOCÊ GOSTA DESSA COISA, EU VOU TIRAR ELA POR QUE É A PIOR MERDA QUE JÁ ME ACONTECEU, VOCÊ ENTENDEU BIEBER? VOCÊ ENTENDEU? É TUDO CULPA SUA, TUDO CULPA SUA, EU ODEIO ISSO, ODEIO ISSO! - empurrei ele pra longe de novo e sai correndo.

- CANDICE, CANDICE ESPERA! - ouvi sua voz e também seus passos vindo atrás de mim.

Eu estava no meio do corredor quando senti um monte de braços me segurarem com força. E por mais que eu me contorcesse chutando e empurrando cada um dos homens que me seguravam, eles eram mais fortes que eu. Me debatia, chutava, empurrava, fazia de tudo para sair dali e correr mas eles me seguravam cada vez mais fortes. Os gritos inundavam cada canto daquele maldito hospital.

Algo espetou o meu braço me fazendo ficar mole e sem força.

Olhei para frente e vi Justin a beira das lágrimas.

Senti minhas pálpebras pesarem.

Fechei os olhos caindo em um sono profundo.

+120 comentários

E ai o que acharam? ai meu corassaum, ai credo, oh Deus :( me preparando pisicologicamente pra escrever o último capítulo, n tive coragem ainda pkspkss amo vcs ok? simplesmente amo vcs ! Por favor anônimos se identifiquem o nome de vcs, e por favor, um comentário por pessoa *-------* obrigada, amo vcs! Falem comigo (aqui)