Protected in Paradise - Capítulo 33 - I don't know you anymore

“Alguém me perguntou se eu conhecia você, um milhão de memórias passaram pela minha mente e eu sussurrei: - Não mais.”

Justin P.O.V - Para ler esse capítulo no anime clique (aqui)

- Ela disse coisas horríveis Chaz, você não entende cara, não entende como eu me senti quando ouvi ela dizer aquelas coisas, como se essa criança não fosse nada, como se fosse um verme sabe? - falei desesperadamente, minha respiração estava ofegante, eu já tinha chutado todos os vasos de flores daquela sala de espera - Esse um mês que eu passei nessa porra, nada se compara com o que foi ouvir aquelas palavras dela.

- Se acalma brother, se acalma! - pediu segurando meu ombro - Ela estava confusa, é normal, ela está passando por tanta coisa, você não pode ficar assim, é coisa de momento, logo ela vai perceber que essa criança é uma benção dos céus.

- Sério mesmo que você tá me pedindo calma? – ri sem vida.

O médico adentrou a sala de espera e nós o encaramos inquietos. Ele me lançou um olhar de pena. EU NÃO PRECISO DE NINGUÉM SENTINDO PENA DE MIM.

- A Candice acordou! – ela estava dormindo há doze horas, já estava mais do que na hora dela acordar não é meu filho – Você quer ir ver ela?

- Sinceramente? – olhei pra ele – Eu não sei se quero fazer isso.

- Sr. Bieber eu honestamente não sei o que aconteceu, por que vocês brigaram e muito menos por que ela fez essa besteira! Mas olha, você vai ser pai, ela vai ser mãe, isso é uma coisa muito séria, vocês precisam esquecer as rivalidades, os dramas, essas coisas que estão entre vocês dois.

- Diz isso pra ela! – falei enfurecido – Até parece que ninguém ouviu as porcarias que ela disse ontem! Acha que eu esqueci de quando ela olhou nos meus olhos e disse que queria tirar essa criança?

- Ela estava nervosa, isso meio que foi um choque pra ela, é claro que ela não vai fazer isso, por favor se acalma!

- Eu estou cansado de vocês me pedindo calma! Se ela fizer alguma coisa com o meu filho, ou filha, sei lá, eu juro que eu acabo com ela! Eu não respondo por mim.

- Justin para com isso! – Chaz segurou meu ombro tentando me conter, aliás isso é o que todos querem o tempo inteiro.

- EU NÃO VOU PARAR! – tirei a mão dele de mim – ME DEIXA EM PAZ!

- Cadê a mãe dela? – o médico perguntou ao Chaz ignorando a minha explosão.

- Ela foi pra Los Angeles hoje de manhã buscar a avó da Candice, ela queria ter visto ela antes mas aconteceu aquilo e ela teve que ser dopada então...

- Entendi! – o médico pegou a caderneta em sua mão e riscou alguma coisa – A Candi, ela está ótima.

- Tipo, ela não sente mais nada? – Chaz e o médico conseguiam ignorar a minha presença muito bem.

- Ela nunca sentiu nada. Ela só estava desacordada, e nós ainda não sabemos exatamente por que.

- Ela vai receber alta?

- Sim. Em dois ou três dias.

- Eu vou falar com ela! – balbuciei deixando os dois conversando e sai dali .

Queria que o caminho até o quarto durasse uma eternidade, mas não passou de trinta segundos para eu abrir a porta antes que desistisse de fazer aquilo. Ela estava sentada na cama com as costas escorada na cabeceira bem acomodada aos travesseiros, virou o rosto assim que me viu. Merda. Como se eu fosse o errado da história né, como se eu fosse. Fechei a porta e fiquei ali parado com os braços cruzados esperando que ela dissesse algo enquanto ela se certificava de não olhar  para mim em hipótese alguma.

- O Zach! – ela falou e então finalmente olhou pra mim – Cadê ele?

- Ele não está aqui.

- Eu quero ver ele, quero ver o Zach!

- Por que?

- Ele me salvou Justin, ele sim é uma pessoa boa, ele é de verdade sabe...

- Eu não acho que você estava querendo ser salva quando pulou de um penhasco  Candice !

- Ah é? – ela riu debochada – E eu não acho que você realmente me amava quando me usava para conseguir provas para prender o meu próprio pai.

- Vai jogar isso na minha cara pra sempre? – ri sem vida – Beleza Candi, então vamos jogar limpo, eu estou pouco me fodendo pro seu pai! – ela me olhou incrédula mas nada poderia me parar – Eu nunca estive, na verdade por um momento eu pensei que ele poderia ser uma pessoa legal, espera! – coloquei as mãos nos bolsos – Ele é uma pessoa legal, mas infelizmente ele também é um corrupto, um filho da puta que roubou milhões e milhões de dólares do dinheiro público, um desgraçado que cara até tráfico de mulheres ele fez, porra 4 toneladas de drogas de uma vez só, tem noção do que é isso?

- CALA A BOCA PORRA! – gritou histérica – VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE FALAR ASSIM DO MEU PAI , BELEZA? NÃO TEM , EU ODEIO VOCÊ!

- Você me odeia? Ah, que ótimo, vai por mim, eu não sou o seu maior fã nesse exato momento, eu até achei que você pudesse ser uma garota madura, mas não, você não pode ser, sabe por que? Por que você nasceu uma pirralha e vai morrer assim Candi!

- Muito fácil pra você falar isso agora, querer reverter o jogo! Não adianta Bieber, foi você quem errou. Você faz ideia de como eu me senti quando você chegou na minha casa e prendeu o meu pai na minha frente? Eu simplesmente não podia fazer nada e olha só, tá tudo oco aqui dentro.... eu não sinto mais nada, tá tudo vazio.

- Eu já te pedi desculpas.

- É mesmo? – ela riu debochada, porra essa ironia dela me deixa puto da vida – Eu sinto muito mas suas desculpas não vão fazer o tempo voltar, não vão fazer doer menos, não vão tornar isso mais fácil... eu já estou completamente destruída por dentro, isso não é algo que você possa consertar Justin!

- Tudo bem! – dei de ombros – Ótimo. Aliás, excelente. Você não quer me perdoar, você não precisa fazer isso. Só que tem uma coisa, o filho que você está esperando, ele também é meu. E sobre isso, não há o que ser discutido entendeu?

- Filho? – ela gargalhou – Meu bem essa coisa aqui dentro não vai se quer ver o sol algum dia, eu não quero ter essa coisa, eu não quero esse feto, eu vou tirar ele e ninguém vai conseguir me impedir !

- NÃO FALA MERDA CANDICE! – corri até ela furioso e segurei seus dois braços com força sem me importar com o estado dela, foda-se, ela estava passando dos limites e eu estava muito puto da vida – VOCÊ ESTÁ COMPLETAMENTE LOUCA, VOCÊ ACHA O QUE? QUE EU SOU UM MOLOQUE? VOCÊ NÃO TÁ MEXENDO COM MOLEQUE NÃO PORRA, EU SOU HOMEM ENTENDEU? SE VOCÊ FIZER ALGUMA COISA COM MEU FILHO EU VOU TE DESCER O CASSETE!

- VAI BATER EM MIM MACHÃO?

- PAGA PRA VER PIRRALHA!

- PIRRALHA É A SUA MÃE IDIOTA!

- LAVA A SUA BOCA PRA FALAR DA MINHA MÃE, POR QUE MESMO ELA TENDO QUE PASSAR POR UM MILHÃO DE COISAS, MESMO SABENDO QUE NÃO TINHA CONDIÇÕES ELA ME TEVE, ELA ME TEVE E CUIDOU MUITO BEM DE MIM!

- PARABÉNS PRA ELA, SÓ ESQUECEU DE TE ENSINAR A TER CARÁTER!

- QUEM É VOCÊ PRA FALAR DE CARÁTER? PORRA VOCÊ QUER MATAR UMA CRIANÇA, UM BEBÊ QUE NÃO TEM CULPA DE NADA, VOCÊ É UM MONSTRO CANDICE!

- JUSTIN VOCÊ NÃO ENTENDE! – gritou – EU FALEI QUE TE AMAVA, EU ME ENTREGUEI PRA VOCÊ E OLHA SÓ O QUE VOCÊ FEZ, VOCÊ DIZIA TANTO QUE EU ERA TUDO PRA VOCÊ MAS NEM CONFIAR EM MIM VOCÊ SOUBE.

- O que você queria que eu fizesse? Que eu chegasse em você e te dissesse “ Oi amor eu sou um agente do FBI, eu estou aqui para prender seu pai, me ajuda?”

- Você só precisava ter sido sincero.

- Esse é o meu trabalho Candi, tem coisas que eu vou precisar fazer se eu quiser chegar ao meu objetivo!

- Objetivo que inclui destruir o meu coração, acabar com a porra da minha vida!

- Eu não escolhi isso, não estava nos meus planos me apaixonar por você.

- Ótimo, não estava nos meus planos ter um filho bastardo com você!

- Nossa, obrigada! – balancei a cabeça tentando encontrar forças para continuar ouvindo aquelas palavras absurdas – Só que mesmo não estando nos meus planos isso aconteceu, eu me apaixonei por você droga, eu te amei tanto, e ainda amo e eu odeio isso, odeio mais ainda agora, por que eu não consigo te reconhecer, eu não sei mais quem você é Candi.

- Eu sou tudo! Tudo. – ela suspirou – Tudo menos a mulher que vai ter um filho com você.

- Você não pode matar uma criança, você não seria capaz disso, você não pode ser tão cruel assim.

- Paga pra ver.

- Se você tem um problema comigo, resolve comigo porra, essa criança não tem nada a ver com isso, pelo amor de Deus, pensa, pensa um puco antes de falar essas merdas que você diz sem pensar!

- Sai daqui, me deixa em paz!

- Se você fizer isso Candi, você vai acabar se queimando no inferno!

- Eu já tenho meu lugar reservado lá! – disse sorrindo fraco.

- Candice?

- O que? – falou seca.

- Só queria me certificar de que é você mesmo.

- Sou eu sim ! – ela limpou a garganta – Porém a vida me ensinou a pensar mais em mim, a vida me ensinou a mandar o resto do mundo ir se foder e fazer o que é melhor pra mim. A vida é você Justin, a vida é você.

- Eu não sou a vida porra! – gritei – Eu sou um lixo, eu sei disso, sou um lixo.

- Você...

- Eu errei, eu sei que eu errei. Mas em momento algum eu te tratei mal, você mesmo sabe que eu fugi o máximo que pude, mas você sempre estava lá com seu jeito meigo inocente, tentando ser mulher, e porra eu sou homem... foi tão difícil me segurar, foi tão difícil não me apaixonar pelo seu sorriso, pelo seu jeito, pelas suas brincadeiras, suas falhas, suas vitórias, seus sonhos... eu sei que errei pra caralho, mas porra eu não sou o único culpado aqui, isso é real entende? Eu e você. É real. Foi real. Desde o início. E agora, agora eu simplesmente não quero que seja. Eu estou olhando pra você e eu não quero mais te amar. Eu quero arrancar o meu coração e deixar de sentir tudo que eu sinto. – uma mísera lágrima caiu – Eu não quero sentir nada por você, eu não queria nem mesmo que eu tivesse te conhecido. Monstro. É assim que eu te defino agora. Desculpa mas... mas o amor é uma coisa linda, é um cristal, é uma chama! – caminhei até a porta dando as costas pra ela – Sinto muito, mas você conseguiu apagar as chamas e até as faíscas.

Era exatamente isso que tinha acontecido. Eu tinha nojo dela. Nojo das palavras dela. Eu só queria sumir. Sumir. O médico me parou no exato momento em que eu ia entrar no elevador.

- Sr Bieber tem certeza de que vai embora agora?

- Eu não tenho mais nada pra fazer aqui.

- Vocês brigaram? – não respondi – Tudo bem, não é da minha conta mas...

- Doutor eu já fiz tudo que eu pudia, mas simplesmente não dá. Eu não quero mais ficar aqui, eu não sei por que diabos passei um mês inteiro me crucificando, quase morrendo por dentro, essa garota não merece o meu sofrimento. Eu quero que ela se foda, por que ela é um monstro!

- Adolescentes e seus dramas! – ele deu risada, ok, precisava de uma arma agora – Seu amigo foi embora, ele disse que volta mais tarde.

- Ele não vai me encontrar aqui! – apertei o botão do elevador.

- Mas e quanto a Srta Candice?

- Madelyn Mackenzie! Esse é o nome da mãe dela. – disse e então o elevador se fechou.

[...]

Cheguei em casa chutando todos os móveis que eu encontrava. Acho que quebrei todos os vasos que tinha ali, até o espelho do meu quarto eu quebrei. Eu estava com tanta raiva, com tanto ódio. Eu queria acabar com a dor, acabar com a raiva, eu queria destruir tudo que eu tinha por que na verdade eu já não tinha mais nada.

O que fazer quando a vida perde o sentido?

Eu difamava os piores palavrões aos gritos. Eu não me importava com os vizinhos. Eu mandaria cada um deles pra puta que os pariu caso eles viessem reclamar.

“ Eu sou tudo, tudo menos a mulher que vai ter um filho com você”

Essas palavras rondavam o meu subconsciente me deixando pior do que eu já estava. Nunca na minha vida eu senti tanta raiva de alguém que eu amo tanto. E por mais que eu olhasse pra dentro de mim e tentasse fazer diferente, e tentasse voltar no tempo e fazer certo, eu não conseguia, era como se o meu mundo estivesse sendo destruído, como se ele estivesse caindo sobre a minha cabeça e tudo fosse acabar mal, como se as pessoas não me entendessem, como se tudo que importasse fosse aquele bebê e ainda assim eu não podia fazer nada para mudar os pensamentos dela, para mudar as atitudes dela, nada pra fazer ela enxergar que eu estou aqui, e eu sempre estaria se ela quisesse ser feliz, se ela quisesse alguém que segurasse a mão dela e protegesse do frio,  que a amasse incondicionalmente e mostrasse o lado bom da vida, aquele sem dor, sem mágoas... eu só queria ser o Paraíso dela de novo.

Mas ao mesmo tempo eu não queria vê-la nunca mais.

Isso é possível?

Amar e odiar uma pessoa ao mesmo tempo?

Achei que fosse coisa de novela ou livros de romance.

Mas não. Está acontecendo comigo!

E me diz, que opções eu tenho? Quais opções restam a não ser aceitar e enfrentar as consequências dos meus erros? Será que é sempre assim? Você tenta ajudar e é você quem sair de ruim na história, você tenta se redimir mas só leva pedras na sua cabeça? Pedras essas que acertam em cheio o seu coração.

Peguei minha arma no bolso e taquei com força no espelho fixo na parede a minha frente. Assim que os cacos se espalharam por todos os cantos senti alguém me segurar por trás, a respiração dessa pessoa estava tão ou mais ofegante que a minha.

Eu me sentia perdido.

- ME DEIXA EM PAZ! – gritei tentando me soltar, quando me virei pude ver Emma aterrorizada, procurando alguma resposta para todos os estragos que eu tinha deixado no apartamento e para o meu estado emocional totalmente afetado.

- Justin o que aconteceu? Se controla pelo amor de Deus! – ela segurava meus dois braços virando a cabeça de um lado pro outro tentando acompanhar o meu olhar que eu desviava a todo segundo – Justin eu tô falando com você, olha pra mim, o que aconteceu bebê?

- Por que ela fez isso? – levantei o olhar umedecido pelas lágrimas e a encarei desabando, eu não conseguiria me segurar nem mais um segundo – Me diz, o que ela ganha fazendo isso?

- Ela quem? Você brigou com a Stacy de novo? A Candice, ela acordou? Você não atendeu o telefone, eu sai pra comprar comida e quando volto você destruiu o apartamento, que diabos aconteceu com você?

- Emma a Candi me disse uma coisa horrível!

- O que? Ela acordou?

- Ela acordou ontem, ela está bem só que... – travei a garganta, não conseguia pronunciar aquelas palavras.

Ela apertou mais forte os meus braços.

- Justin... o que ela disse?

- Ela disse que – fechei os olhos com força – Ela disse que vai abortar o nosso filho, ela vai matar o nosso bebezinho Emma, ela não pode fazer isso!

- O QUE? – ela gritou histérica me soltando – ELA NÃO VAI FAZER ISSO NUNCA, NUNCA !

- Emma espera ai, aonde é que você vai?

- Ela pode até abortar essa criança, mas ela vai fazer isso lá no céu!

- Emma espera, o que você vai fazer? Emma... – ela bateu a porta com força.

Chutei a porta com raiva e então tive a visão da arma jogada no chão.

Suicídio.

Não sei por que mas pensei naquilo naquele momento.

E por um segundo eu entendi a Candi ter pulado do penhasco.

Quando as coisas estão uma merda e parece que o mundo vai acabar, tudo que você quer é matar a dor de alguma forma.

Se cortar é tosco demais.

Se matar pode ser o melhor remédio.

O único capaz de curar a dor.

Abaixei lentamente e peguei a arma, olhei para os restos do espelho que haviam ficado na parede e tive a minha imagem distorcida em vários cacos de vidro. Apontei a arma para a minha cabeça me perguntando se seria capaz de fazer aquilo.

Puxei o gatilho e fechei os olhos com tanta força que chegou a doer.

Uma mísera lágrima escorreu pela minha face.

Joguei a arma no chão e me joguei em cima da cama escondendo o rosto no travesseiro. Eu só queria fugir do mundo lá fora. Sem me importar com nada além de não pensar nele.

O mundo é cruel.

E a dor é maior ainda.

+120 comentários

ai meu corassaum :( as coisas estão tensas hein? haha obrigada pelos comentários, vocês são as melhores mesmo *-* amo vcs ok? muito muito, qualquer duúvida falem comigo (aqui) beijos s2