Protected in Paradise - Capítulo 34 - No Revenge

Você não chorou oque eu já chorei, não sentiu oque eu senti. Então, foda-se você.

Candi P.O.V - Para ler esse capítulo no anime clique (aqui)

Minha cabeça tinha finalmente parado de doer. Eu me sentia bem de novo, me sentia viva. E por isso eu queria mais do que tudo sair daquela merda de hospital. Eles não queriam me falar nada sobre o meu pai, meu irmão e minha mãe esta em Los Angeles. Justin? Ele foi embora depois da nossa discussão. Pelo modo cuidadoso com que o médico me disse isso, ele não vai voltar tão cedo, isso se ele voltar.

Joguei o lençol azul para o lado e puxei o vestido da mesma cor para olhar o pequeno volume na minha barriga. Isso é tão justo. Se isso tudo ia acontecer, se ele ia prender o meu pai e o meu irmão, por que eu tinha que ficar grávida? Por que tem uma coisa crescendo dentro de mim? Eu ainda sou tão nova, eu tenho tanta coisa pra viver, por que diabos tem um feto aqui dentro?

Eu sei, pode ser ridículo da minha parte dizer que tenho muito pra viver sendo que eu quase me matei há um mês atrás. E é então que eu penso, será que eu só me salvei por causa dessa coisa? Quando vou a igreja costumam dizer que Deus nunca tira a vida de alguém. Então certamente deve ser isso, eu não merecia estar viva. Mas eu estou. E é por causa dessa coisa.

Até nisso ela me atrapalhou.

Se eu estivesse morta, tudo já teria chegado ao fim.

A dor.

Principalmente a dor.

Abaixei o vestido de novo irritada com isso, com uma coisa se formando dentro de mim, uma coisa que vai ter o meu sangue, que vai respirar e vai ter um nome. Eu não quero que isso aconteça. Eu não tenho mais a mesma visão de antes, as coisas mudaram e eu preciso pensar em mim. Eu preciso tirar essa coisa, eu preciso tirar ela por que eu não sinto absolutamente nada por ela.

O Justin merece sofrer.

Ele merece pagar por tudo que fez.

E não há vingança melhor que essa.

Me levantei da cama com muito cuidado pois apesar de estar melhor meu corpo ainda estava meio fraco. E foi só fazer isso para sentir tudo rodando, como se minha cabeça fosse uma roda gigante que não parava nunca. Pisquei os olhos com força e escorei minha mão na cama respirando ofegantemente.

- Candice você se levantou? – a voz inconfundível de Zach contagiou o ambiente.

- Zachary! – falei com um sorriso fraco virando minha cabeça em sua direção, ele me abraçou forte com uma felicidade imensa, algo que eu nunca vou conseguir explicar.

- Ah meu Deus, você está ótima! – ele me segurou pela cintura e me colocou sentada de volta na cama – Eu queria ter vindo ontem mas quando cheguei do serviço você tinha sido dopada então arrumei um tempo na hora do almoço.

- Obrigada por ter vindo, eu estava com saudades!

- Nem parece! – ele fez uma cara feia – Da última vez você deixou bem claro que não queria me ver nunca mais.

Eu dei uma risada.

- Eu deveria te agradecer por salvar a minha vida? – questionei apoiando uma mão de cada lado da cama – Quer dizer, você arruinou totalmente o meu plano incrível de engolir água até morrer.

- Caramba me desculpe por isso, se tivesse me avisado eu poderia me juntar ao seu plano infalível! – ele murmurou entrando na brincadeira.

- Você é demais mesmo! – dei um tapinha em seu peitoral – Foi mal por ter deixado você desesperado com a possibilidade de eu morrer.

- Nem se acha hein?

- Eu sou queridinho.

- HÁ HÁ HÁ

- Eu sei, a piada foi bem ruim.

- Me diz, como está se sentindo?

- Viva.

- E quando vai sair do hospital?

- Amanhã ou depois.

- Sua mãe não está aqui, você vai ficar na casa do Justin?

- De jeito nenhum, sua mãe cuida melhor de mim, não acha?

Ele riu.

- Ela vai te dar uma bronca isso sim, ela brigou comigo por dias seguidos por que eu te levei até o penhasco, você é bem maluquinha hein!

- Então você não vai me dar abrigo? – fiz cara de cachorro sem dono.

- Olha no quintal da minha casa tem uma casinha de uma cadelinha que eu tinha, só que ela morreu, se você quiser ficar lá por mim tudo bem.

- Idiota! – gargalhei empurrando ele.

- Como é bom ver você sorrir! – ele disse sem desviar os olhos de mim – Na verdade é uma das melhores coisas do mundo.

- Tinha me esquecido de como você é meloso Zach! – ele riu – Agora me diz, me leva pra sua casa agora? Eu quero sair daqui, não preciso mais ficar nessa merda.

- Eu já estraguei a sua vida o suficiente! – disse sério – Agora quieta a sua bunda nessa cama por que quando sair daqui você vai pra casa do seu namorado.

- Eu não tenho namorado. – dei de ombros.

- Achei que eu fosse seu namorado. – ele fez beicinho.

- O que? – comecei a rir – Você vai me levar pra sua casa mesmo? Somos namorados é?

- Não bobona! – ele jogou o meu cabelo no meu rosto tapando meus olhos – Estou falando do Justin! Ele vai cuidar de você e desse bebezinho que vai ter os olhos azuis iguais aos da mãe dele.

 Parei de sorrir e tirei o cabelo da minha cara.

- Até você Zach?

- Candi entenda,por mais que tenha acontecido coisas entre vocês... – o interrompi.

- Não foi qualquer coisa, você sabia que ele é um agente do FBI e que ele se infiltrou na minha casa para prender o meu pai?

- Eu sei, ele me explicou tudo, não posso ficar do seu lado dessa vez, princesa o seu pai fez coisas muito ruins, ele merece ser preso.

- Ele é o meu pai Zachary! – será que ninguém entende que não importa o que ele tenha feito, não importa quanto dinheiro ele roubou, quantas drogas ele transportou ou quantas mulheres ele traficou, ele sempre será o meu pai e eu nunca vou querer que aconteça nada de ruim com ele.

- Tá! – ele suspirou – Ele é seu pai. Eu entendo perfeitamente, mas Candi pensa comigo, o Justin só estava fazendo o trabalho dele, se apaixonar por você foi apenas uma consequência, algo que não foi possível evitar.

- Você gosta de mim, não gosta? – ele assentiu – Por que você insiste em defender ele então? Não é mais fácil você me apoiar? Eu já perdi tantas pessoas, por que você não pode simplesmente sentar aqui e me dizer que vai me ajudar?

- O que eu sinto por você Candi, é algo lindo, é uma atração de muitos e muitos anos. Mas olha, deixa eu te falar uma coisa, isso não conta em nada agora. Candice agora só o que conta é essa criança que tá aqui dentro de você ! – ele alisou a minha barriga com os olhos brilhando -  Eu daria qualquer coisa pra essa criança ser minha, sério, nossa! Mas ela não é então... você tem que seguir a sua vida, tem que cuidar muito bem desse bebê, não importa se vai ser ou não com o Justin, vocês dois precisam de um acordo, precisam sentar e conversar civilizadamente. Não estamos mais falando sobre um namoro, sobre uma relação. Tem uma criança respirando dentro de você Candi, é uma vida, é uma benção dos céus.

- Eu vou tirar essa coisa! – falei emburrada com a melação do Zach, até ele, a minha única e última esperança, até ele estava do lado do Justin. Será que ninguém por um segundo pensa que a minha opinião é a que realmente conta aqui? Porra é a minha barriga, é a minha vida.

SOU EU QUEM VAI FICAR OBESA.

- C-Candice! – ele gaguejou incrédulo – Meu Deus! – ele levou a mão até a boca – Meu deus eu vou fingir que nem ouvi isso.

- Quer que eu repita? – me levantei da cama e caminhei até a mesinha do outro lado do quarto aonde tinha uma jarra com água – Eu não quero ter um bebê, eu não quero isso pra mim agora, e muito menos uma criança que me faça lembrar todos os dias dele, imagina só se ele tiver os olhos do Justin? – me arrepiei com essa ideia, se isso acontecesse seria impossível esquecer do Justin. Eu sempre pensei em ter uma família com ele, aliás, eu sempre sonhei com isso, eu meio que visualizava uma família perfeita na minha cabeça. Mas depois que ele destruiu a minha vida isso parecia mais uma piada interna do que um sonho para se realizar.

- Você não faz ideia do que você está dizendo!

- Olha aqui Zach! – enchi o copo e me virei pra ele – Se você não quer me ajudar tudo bem, eu vou dar um jeito de sair daqui tá? Eu não preciso de você pra isso, e quando eu sair daqui você pode ter certeza que eu vou acabar com essa merda que tá aqui dentro, e ninguém, ninguém vai me impedir! – ele arregalou os olhos – Que foi, tá surpreso? Eu também ficaria se fosse a velha Candi olhando para o que se tornou. Mas quer saber? Eu prefiro assim, é, eu estou bem melhor.

- EU NÃO VOU ESPERAR ELE SAIR NÃO PORRA, EU VOU FALAR COM ELA AGORA, ME SOLTA CARALHO! – Emma abriu a porta aos berros antes que Zach pudesse dizer alguma palavra para tentar inutilmente me convencer a não abortar essa criança.

- Emma? – eu estava realmente surpresa com a presença dela, e ah, claro, eu a odeio tanto quanto qualquer um dos amigos do Justin. Eles todos são do FBI, eles todos me enganaram, me fizeram de idiota. Ela estava tentando de todas as formas entrar no quarto mas estava sendo puxada de volta pelos grandalhões que me seguraram no dia que eu tentei fugir.

- Senhorita você tem que esperar o outro visitante sair!

- Eu não quero esperar porra nenhuma! – ela me encarou com fúria se debatendo nos braços dos homens, ela era boa naquilo, estava quase se soltando.

- Tudo bem! – falei após tomar um gole de água – Pode deixar ela entrar.

- Tem certeza? Ela parece descontrolada. – o homem vestido de branco me encarou preocupado e eu apenas assenti, então ele soltou ela lentamente e fechou a porta assim que ela adentrou o quarto. Surpreendentemente ou não ela veio pra cima de mim e me empurrou com força contra a parede. O impacto foi tão grande que eu gritei de dor e cai sentada no chão. Eu tenho certeza que voei durante o percurso que não durou mais que alguns segundos.

- VOCÊ É LOUCA CANDICE, VOCÊ É ESCROTA, EU TÔ COM NOJO DE VOCÊ!

- Ei por que você empurrou ela? Você não pode fazer isso, ela... – Zach tentou segura-la mas ela deu um soco no saco dele, sério eu eu ia rir se não estivesse tão puta da vida com ela.

- Me deixa em paz moleque! Você não serve nem pra cuidar de uma pirralha como ela! Foi você quem levou ela para aquele penhasco não foi? Ah mas eu nem culpo você, ela é uma sem noção mesmo!

- Quem te deu o direito de vir aqui me ofender? – questionei sem conseguir me levantar – Vai cuidar da sua vida e me deixa cuidar da minha.

- Moleque sai daqui por favor! – ela pediu ao Zach sem desviar os olhos de mim. Quem essa vadia pensa que é pra chegar aqui achando que manda em tudo e que é dona da minha vida? Ela não tem nada a ver com isso.

- Eu não posso deixar você sozinha com ela, você... – ela o interrompeu.

- Agente do FBI ! – mostrou o distintivo – Ou você sai ou você vai preso. E ai?

- M-mas...

- Se você quiser eu busco as algemas no carro agora mesmo!

- QUEM TEM QUE SAIR DAQUI É VOCÊ! – gritei histérica – NINGUÉM TE CHAMOU AQUI VAGABUNDA!

- Não Candi, tudo bem! – ele suspirou vencido pelo cansaço e se agachou bem a minha frente, então depositou um beijo estalado na minha bochecha, seus olhos estavam marejados, merda, era horrível ver ele daquele jeito, ele não merecia passar por isso, ele não merecia se envolver tanto – Se precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, é só me ligar tá bom? E fica calma, para de pensar aquelas besteiras por que Deus está com você e eu sei que no fim tudo vai ficar bem.

Não falei nada. Meu orgulho sempre foi maior que qualquer coisa, agora era ainda mais. Ele abaixou o olhar ao passar pela Emma e saiu do quarto. Eu queria matar aquela desgraçada. Eu não conseguia acreditar que ela estava ali dando uma de mandona, como se ela fosse realmente alguém importante ou superior. Eu odiava com todas as minhas forças a presença dela.

- O que você quer? – perguntei finalmente.

- Levanta ai vai ! – ela estendeu a mão pra mim.

- Vai se foder! – resmunguei abraçando os meus joelhos encolhida no canto.

- Foi mal tá! – ela se sentou na minha frente mantendo uma pequena distância – Mas já que você gosta de sentar no chão tudo bem. Eu só queria gritar “ TÁ COM AMNÉSIA OU JÁ ESQUECEU QUE FOI VOCÊ QUE ME JOGOU AQUI VADIA?”

- Por que você disse pro Justin que vai tirar a criança? Você perdeu o resto de juízo que eu achei que você ainda tinha? – dei risada – COMO VOCÊ CONSEGUE RIR DISSO? MEU DEUS, É UMA CRIANÇA CANDICE!

- O que você sabe sobre crianças? – encarei-a com um sorriso debochado e levantei a sobrancelha para o sarcasmo ficar mais nítido.

- Eu sei o suficiente para garantir que o que você quer fazer é uma merda.

- Eu tô pouco me fodendo para o que você pensa, o que você garante e o diabo a quatro, a vida é minha e quem decide tudo nela sou eu.

- O filho também é dele.

- Foda-se! Ele escolheu isso, ele me magoou, ele não pensou duas vezes antes de destruir a minha vida. Me dê somente um motivo para eu não destruir a dele.

- Você não pode fazer isso, Candice é um bebê, uma vida, e ele não tem culpa dos problemas que você tem com o Justin, poxa vida é um inocente.

- Se ele fosse tão inocente assim não estaria me causando tanta dor de cabeça, sem contar que eu quero vomitar a cada cinco segundos...

- PARA DESGRAMA, QUE CARALHO!

- Ei, ei, não ouviu o que eu disse? Minha cabeça tá doendo! – fiz cara feia.

- Eu odeio você Candi!

- Sério? – gargalhei – Então estamos quites.

- Você vai se arrepender do que está fazendo.

- Eu garanto que não.

- Merda, merda, merda! – ela resmungou – Eu não posso deixar você fazer isso.

- Ah é? E como você pretende me impedir?

- De qualquer jeito que seja possível. – levantei o olhar e percebi que ela estava chorando. Qual é, quando foi que todo mundo ficou tão sentimental? Essa coisa ainda nem nasceu, nem vai nascer, é apenas um mísero feto, e eles se importam tanto – Eu não posso, eu não vou conseguir ver você fazendo essa besteira.

- Por que você se importa tanto? – quis saber – Sério, eu não consigo entender. Você acha que eu não sei que você é louca no Justin até hoje? Então vadia, é a sua chance, vai pegar o seu homem, fica com ele!

- O que adianta eu ficar com o Justin se o coração dele é seu?

- Você...

- Candice você é uma ingrata! Ele passou um mês inteiro nesse hospital, ele mal comia, será que você notou o quanto ele está magro? Será que você percebeu como os olhos dele estão roxos ao redor? Percebeu que ele está com uma cara de sono terrível e que ele está tão sem vida? Eu acho que não por que você está mais preocupada em ferrar com a vida dele do que saber como ele se sentiu culpado quando você se jogou daquela porra de penhasco sem pensar nas consequências. Ele ficou desolado, o mundo tinha desabado sobre a cabeça dele, quer dizer, você é o mundo, é isso que você é pra ele. Mas você não se importa, parece que você se esqueceu de todas as vezes que ele disse que te amava, que ele te pegou no colo e te colocou pra dormir, de todas as vezes que você se sentiu protegida no Paraíso simplesmente por que você estava nos braços dele.

- Eu não quero ouvir isso Emma! – falei deixando algumas lágrimas surgirem, tudo que eu menos queria era me lembrar dos momentos com ele, eu só queria me manter forte, eu não podia voltar atrás.

- Um mês Candi! – ela insistiu – Um mês sem sair na rua, um mês sentado naquela poltrona ali rezando, esperando, pedindo a Deus uma luz, tentando encontrar esperanças, se agarrando as pequenas possibilidades. Eu já perdi as contas de quantas vezes ele discutiu com os médicos que tentavam colocar na cabeça da sua mãe que você não tinha mais solução. Ele não desistiu de você Candi, então me diz, por que você tem que desistir assim tão fácil?

- Você não faz ideia de como eu me senti Emma, você não entende.

- Eu entendo! – ela enxugou as lágrimas quentes que pareciam nunca cessar, pelo contrário, desciam descontroladas a cada segundo – É claro que eu entendo. É algo parecido com sentir que tem um peso enorme em cima de você não é? É como se tudo desse errado e você não sabe por que continuar tentando quando na verdade tudo está dando errado. Eu sei como é Candi, eu já estive ai. Eu me senti uma inválida, eu me senti a pior pessoa do mundo quando o Justin foi embora do Canada e me deixou, sem explicações, apenas me deixou. Sem mais nem menos.

- Você não sabia que ele era um agente? – funguei.

- Não, eu só fui saber quando cheguei aqui, na verdade alguns dias antes, quando o Chaz me ligou sabe, ele queria que eu viesse trabalhar aqui, eu levei um choque, mas eu finalmente tirei o ódio que sentia do Justin do meu coração. É, não foi fácil aguentar a barra sem ele. Eu sofri tanto que achei que o mundo ia desabar.

- Por que, por que você simplesmente não esqueceu ele?

- Eu nunca contei isso pra ele, mas sabe Candice, existia algo que me prendia ao Justin para sempre, é, uma coisa que sério, seria eterna.

- Amor?

- Não! – a porra das lágrimas aumentaram, eu não conseguia entender aquilo, por que diabos ela estava tão frágil assim? – Poucos dias antes do Justin vir para Jacksonville eu descobri que estava grávida.

- O QUE? – arregalei os olhos sem acreditar no que tinha acabado de ouvir.

- Eu ia contar pra ele sabe, ele tinha combinado de jantar comigo e então eu pensei que poderia dizer pra ele nesse jantar, eu realmente pensei que ele fosse até me pedir em casamento, mas não, tudo que ele queria era terminar comigo e foi horrível, foi o pior dia de toda a minha vida.

- Você abortou Emma, você abortou a criança? Você... – merda, o choro compulsivo me impedia de pronunciar as palavras que precisavam ser ditas, ao ouvir e ver o desespero dela eu conseguia perceber o quanto eu estava sendo estúpida, eu não sei explicar mas aquelas palavras, aquele momento... droga, eu me sentia uma idiota, eu me sentia a pessoa mais escrota, mais imbecil, mais nojenta, eu era um lixo.

Eu sou um lixo.

- Não Candi, eu não abortei ! – ela sorriu sem parar de chorar – Eu acho que nunca faria isso com uma criança. Eu não sei você mas eu sempre tive esse sonho bobo de ter uma família, de ser feliz, de ser mãe. Eu conversei com meus pais, eles ficaram chocados, é claro que ficaram, como eles não ficariam? Eu estava grávida e o Justin estava indo embora...

- POR QUE VOCÊ NÃO CONTOU PRA ELE? – gritei – POR QUE EMMA? ISSO NÃO É JUSTO, POR QUE VOCÊ NÃO DISSE?

- Ele estava indo por causa da faculdade, segundo ele. Eu não queria impedir ele de nada, se ele estava indo é por que ele não me amava e se ele não me amava eu não queria obriga-lo a ficar só por causa disso. Eu sei, eu deveria ter contado mas eu não contei, eu não contei. Eu decidi que ia ter o filho, todos os dias quando eu ia tomar banho e quando ia dormir eu olhava para a minha barriga e chorava, era um choro de felicidade e de tristeza, eu queria que ele estivesse comigo mas estava feliz por que esse filho seria fruto do nosso amor! – ela sorriu novamente com a respiração descompassada e ofegante – Então eu fiz o ultrassom e deu sexo masculino, já pensou um garotinho com os olhos cor de mel do Justin? Candi você tem tudo nas suas mãos, você não pode deixar isso escapar assim.

- Onde está o filho dele? Você deixou com a sua mãe, cadê ele?

- Eu comecei a trabalhar e tranquei a faculdade, um dia quando estava voltando do serviço, eu me lembro de que tinha comprado um monte de roupinhas em uma loja perto da empresa do meu tio, eu perdi o controle do carro e ... – suas mãos estavam tremulas, eu fechei os olhos com força, eu não queria ouvir as palavras que viriam a seguir, eu não queria de jeito nenhum – E eu perdi o controle.

- NÃO! – gritei me arrastando para mais perto dela, nunca abracei ninguém tão forte como a abracei naquele momento, nunca fui tão verdadeira, nunca agi com tanta sinceridade como naquele exato momento. Minhas mãos afagam os cabelos dela e os meus olhos perdidos demonstravam o quanto eu estava assustada. – NÃO EMMA, ELE NÃO MORREU, ELE NÃO PODE TER MORRIDO, DROGA, POR QUE A VIDA É TÃO INJUSTA?

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